Aluguel de casas: Uma experiência diferente em Trancoso

Deu aquela marejada no olho, com direito a lágrima escapando pelo cantinho de olho, quando, abri o portão da casa que alugamos em Trancoso e cruzei a faixa branquinha de areia, bordada por coqueiros, rumo ao mar. Não teve frio, nem aquela dúvida que bate quando rola a colisão de sensações de vento da beira batendo no corpo e temperatura da água engolindo os pés. Foi mergulhar sem freio e ser inundada de gratidão, paz e uma serenidade de que ainda é possível desbravar outros lugares para encontrar o oceano.

Como não tive necessidade alguma de pegar avião nesta pandemia, fiquei 11 meses distante da rotina de aeroportos e aeronaves. Me encorajei para algumas viagens de carro, pelo Rio Grande do Sul e Santa Catarina, em hotéis boutiques, pequeninos, e tomando todas as medidas de segurança possíveis. Sou de viajar, mas sou mais de cuidar. E não era o momento de bater perna por aí. Segurei as malas, além do corpo, em casa. Mas passado quase o tempo de um ano, em que já passamos a entender melhor como lidar com o vírus – e tendo a vacinação iniciada no Brasil -, resolvemos que era chegada a hora de encarar uma estrada um tantinho mais longa.

Foi assim que encontramos a opção de aluguel de casas em Trancoso. Eu sempre escolho a Bahia. Por ser o Nordeste mais perto do Sul, por ter uma combinação rica de mata e mar, por ter as pessoas mais gentis deste país e, obviamente, pela gastronomia arretada. A ideia de hotel ainda assustava um pouco meus pais e, a partir disto, cliquei no link enviado por uma amiga, a Laura, que contava em um grupo destes de whatsapp sobre o trabalho da irmã, o Uma Stays, uma curadoria de casas, com serviços personalizados, para serem alugadas por grupos e famílias. E depois de muitas dúvidas sanadas e negociação, fechamos. Nossa casa ficava em um condomínio na região do Rio da Barra, afastada do Quadrado, centro da cidade, e com praia particular. Ou seja, um pedacinho de paraíso isolado na Bahia.

E, para quem acompanhou nos meus stories, já sabe: foi a solução perfeita. Nossa família tem seis pessoas, que foram muito bem distribuídas pelas suítes da casa (eram cinco, na verdade). Ao longo dos 10 dias que ficamos por lá, tivemos todo o atendimento de um hotel... só que particular. Logo na chegada, a mesa já estava posta nos esperando com o jantar e os quartos preparados e perfumados nos aguardando. Para mim, que muito já me hospedei em Airbnb por este mundão, foi uma grata surpresa, já que o aluguel pelo app, normalmente, perde muito para estas “queridices” de hotel. Então, ali, tínhamos um combo completo – de isolamento e serviçopremium.

A experiência – é claro – não é das mais baratas, mas em tempos em que as viagens estão mais raras e precisam ser bem escolhidas, fez sentido. O staff criou um elo conosco, a Andréia cuidava de todos os quitutes mais especiais da cozinha: tapioca, moqueca, bobó, cocada... ixi! Uma delícia atrás da outra. E o Jefferson, caseiro, não deixava nada faltar na organização e manutenção da casa. Nossa rotina foi ritmada por leituras na rede, banhos de piscina e dias na beira da praia (o serviço também é todo fornecido pela casa) e muito axé. Deixamos a casa só por duas vezes, para uma visita rápida com jantar no El Gordo no Quadrado, e para conhecer o famoso restaurante Floresta – uma delícia, por sinal, não deixem de reservar quando passarem por aquelas bandas.

Antes de ir embora, por mais que o dia estivesse cinza e o mar um tanto ranzinza, dei um bom mergulho e agradeci por esta reconexão. Por estarmos no Brasil, este país tão rico em natureza e espaço. Prometi valorizar mais. Viajar mais internamente. Desbravar e divulgar o que é nosso. Se 2020 foi um ano de ficar dentro, 2021 também será de olhar para dentro. À Bahia, voltaremos, como sempre. E aos outros lugares, iremos, certamente. Vamos viajar pelo Brasil.